Brasil com Z


Minha amiga de anos atrás, Gui, do excelente blog Persistência da Memória apareceu com uma idéia fantástica: juntar vários amigos que moram em países diferentes num único blog e contar as maluquices que rolam na vida de cada um.

Assim nasceu o Brazil com Z, que mau apareceu e já está se destacando como um dos 10 blogs que mais crescem no wordpress. Ainda não sabemos que rumos o site vai tomar, já que todos os autores vivem uma rotina super-corrida. Contudo, acredito que faremos o possível para dividir um pouco da experiência de se viver em terras estrangeiras com quem quiser viajar sem levantar da cadeira.

Estarei contando um pouco mais sobre as peculiaridades da vida do Japão. Vou me esforçar para não repetir os temas que já descrevo aqui na Viagem. Não deixem de visitar! Basta clicar na imagem ou no link acima.

+Links


Fiquei pensando em diversas desculpas mas não encontrei nenhuma, é por que não deve haver mesmo. Faz um tempão que eu queria colocar aqui o link para o blog “Meu Japão é Assim” da jornalista Karina Almeida. Eu o descobri já faz algum tempo, quando ainda estava no endereço antigo e era apenas um passa-tempo da autora. Gosto particularmente dos artigos mais velhos, quando o Japão ainda era um mundo inexplorado . Porém os textos atuais amadureceram bastante e continuam com o bom humor típico da jornalista. Super-recomendo para todos os desavisados que caem aqui na minha Viagem.

Outro link que adicionei e me esqueci de avisar foi o do meu colega de trabalho, Julio Cesar Caruso, também jornalista e amigo da Karina. Seu blog é o Muito Japão onde ele dá sua perspectiva das malucagens que encontramos por aqui. O legal é que ele fala, lê e escreve japonês fluentemente e pega muita coisa direto da fonte. Muito bom para quem está estudando o idioma, já que tem sempre muita explicação sobre a língua.

Para finalizar só mais uma dica, o blog do Brito-san no Japão é um outro que também procuro acompanhar. Nuno é um português que vive aqui há um tempão. Muito humor e dicas interessantes sobre o meio de vida japonês. Detalhe para as gírias portuguesas que ele usa.

Todos esses links escritos no mais confiável português (pelo menos mais que o meu). Recomendo a visita em todos eles. Não se esqueçam de conferir a lista de links para outros blogs relacionados com “A Viagem”. Boa leitura e, por que não, boa viagem!

Ralando no Japão


 

Vira e mexe sai uma reportagem interessante falando de como é realmente viver e trabalhar no Japão. Algumas vezes o texto deixa em aberto se a experiência é válida ou não. Na internet é possível encontrar muitos blogs de dekasseguis que relatam seu dia-a-dia, descrevem sua rotina e expõem seus pensamentos e conclusões sobre esse tema com sinceridade e precisão. Contudo, é difícil encontrar textos endosados pela impressa brasileira e publicados em larga escala para o público leigo.

A dica de leitura vai para Ralando no Japão, um diário escrito pelo repórter Maurício Horta narrando sua experiência no arubaito japonês. Se você está pensando em vir ao Japão trabalhar temporariamente, geralmente no período de férias, é bom dar uma lida em textos como esse para não levar muitos sustos. Não estou falando do Japão ou até mesmo do serviço em fábrica, mas sim da realidade das pessoas por aqui.

A Angústia

O dia na fábrica é eterno. A hora e meia do primeiro turno matutino flui como um aquecimento. Passa o primeiro intervalo e, diante da oferta do almoço, o trabalho não parece tão difícil. Mas nada nos espera senão as frituras do bandejão – aqui não tem sushi nem sashimi. Prato A, prato B, curry ou udon. No turno da tarde, o tédio torna-se implacável. Nessas horas, Iraci canta para si mesma músicas do padre Marcelo Rossi enquanto aperta parafusos de contadores de moedas; Danila, que está na linha há 6 anos, atrai os meninos com gracinhas, enquanto parafusa tocadores de dvd; Robô provoca os camaradas do depósito e Arnaldo põe-se a falar sem parar. Na linha de montagem, Henry Ford divorciou a atividade manual da intelectual. O operário não precisa pensar, só repetir operações predeterminadas. Para o arubaito, passar 6 dias por semana sem usar a cabeça é uma angústia insustentável. Repete-se a palavra motainai – “desperdício”. Que livro poderia ler enquanto encaixo o 1 800º processador? Sobre o quê poderia conversar enquanto sou obrigado a ouvir mais um causo de Votuporanga?

Nikkeys de 1962


Para quem gosta de ler sobre a aventura da imigração, recomendo o site Aruzentina Maru. Site esse que reúne diversos artigos, biografias, relatos e fatos interessantes referentes aos nikkeys de ontem e de hoje. O site foi originalmente concebido pelos filhos de japoneses que desembarcaram do navio Aruzentina Maru em 1962 e tem como proposta reunir fotos, textos e discuções acerca desses e de outros nikkeys. Há dicas de como trabalhar de modelo, fazer negócio com japoneses e outras coisas de interesse para quem está no Japão ou para quem apenas se interessa pela cultura.

Se você ficar meio perdido, talvez seja interessante começar pelo índice de “biografias” que nada mais é que a coletânea de relatos que estão armazenados no site. Apesar de serem um pouco antigos, os textos são bem legais. Boa viagem!

Dicas para quase-expatriados


Então finalmente você tomou coragem, decidiu-se, comprou a passagem e está de malas prontas para ingressar naquela tão sonhada viagem ao exterior. Fora do Brasil o mundo parece melhor, mais rico, mais fácil de se viver. Novas aventuras, experiências, amizades e tudo mais de bom, certo?

Bem, eu posso dizer com segurança que as chances da sua vida “melhorar” são relativas ao que você considera como melhoria de vida. Eu já havia relatado alguns desgotos que tive aqui no Japão e dito que nem tudo são flores para quem quer viver longe de casa. Há um preço a se pagar, sempre. Portanto antes de embarcar no avião, tenha em mente coisas que certamente vão mudar na sua vida e analize se é isso mesmo que você quer. É importante para que depois a adaptação ao novo lar não seja tão traumática.

Encontrei um texto muito interessante e que me lembrou muito desses problemas básicos que todo viajante/imigrante tem. O autor é Tiago Luchini, um brasileiro que vive na Finlândia. Segue um trecho:

  1. Amigos e familiares efetivamente se afastarão. Não porque são maldosos ou te odeiam mas você passa a estar num contexto e rotinas totalmente diferente deles. É normal que um afastamento ocorra. Com a Internet e as presencas “virtuais” das pessoas isso tende a não ser tão drástico quanto no passado. Mesmo assim, existem simplesmente as pessoas que não tem uma presenca online tão forte além da infinidade de atividades que não podem ser feitas virtualmente. Eu, por exemplo, costumava jogar boardgames semanalmente com meus amigos. Isso não é possível remotamente. Pense também nas limitacões de fuso-horário. Dependendo do fuso você tem apenas poucas horas de janela para conversar com seus amigos e parentes e eventualmente essa janela não é boa para você, para eles ou para nenhum dos dois lados. O afastamento dos amigos é mais difícil do que parece à primeira vista.
  2. Ruptura dos costumes e a adicão de novos costumes. Alguns costumes que você tem hoje não terá mais como fazer e novos costumes surgirão. Parece bobo mas temos pequenas atividades na nossa rotina que nos acostumamos e nem percebemos. Outro dia tive uma vontade louca de comer yakisoba (afinal de contas, fazia do yakisoba uma refeicão bastante regular em São Paulo). Qual não foi minha surpresa ao perceber que ninguém aqui sabia nem o que era yakisoba? Não só isso como o único restaurante que pretendia se dizer “japonês” aparentemente fechou. Pequenos costumes tendem a desaparecer e novos aparecem (tenho apreciado o costume da sauna semanal por exemplo). Sem entrar no mérito se isso é bom ou não, fato é que acontece.

O texto se chama Dicas para Quase Expatriados e é bem interessante, recomendo!

BAHBlogando


Uma coisa meio chocante para mim aqui no Japão é encontrar conhecidos e de repente constatar que aqui eles têm uma vida totalmente diferente da vida que tinham no Brasil quando os conheci tempos atrás. Até mesmo outro nome! Veja, por exemplo, meu colega de faculdade, André e que todo mundo chamava de André, no máximo, Tamane. Bem, aqui ele é o Noboru. Se me perguntassem se conheçia algum Noboru até então, diria que não e nunca me passaria pela cabeça que o tal foi meu parceiro do Mackenzie por 4 anos.

Outra surpresa é a Yuri, que conheci como Romina, apresentada pela minha amiga de todos os tempos Karen (será que ela tem algum nome secreto também?). Meu pai, por incrível que pareça, é um dos poucos filhos de japonês que não tem nome japonês, apenas o sobrenome da família. Talvez por isso nem eu ou meu irmão temos nome japonês, portanto não se desesperem, seremos sempre o Gabriel e o Gustavo. Para compensar temos pelo menos uma dúzia de apelidos cada um.

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Pois bem, Yuri, ou Romina como a chamo, também mantém um blog. Ela é a BAH, acho que deve ser algum apelido referente ao seu humor crítico (leia reclamão). Essas meninas têm o costume de escrever em diários desde tempos remotos, quanto a primeira espinha nem imaginava despontar na testa. A Karen mesmo teve ter um diário que faria sombra ao livro sagrado. Graças às maravilhas da tecnologia as pessoas têm mais facilidade em escrever seus textos e compartilhá-los com quem tem interesse na vida alheia gosta de ler. Ela é uma menina bonita, estudada, meio doida e bem espontânea, daquelas que dá risadas sem se conter, gargalhadas profundas mesmo. Ela leva a vida como uma típica dekassegui e no seu blog-diário ela desabafa suas dores de maneira bem peculiar.

Abaixo estou postando parte do texto dela. Recomendo!

País de Oportunidades

A maioria das pessoas que vêm ao Japão para trabalhar, imagina uma vida de muito sacrifício, de dor, de luta e de muito trabalho. Não é muito diferente do Brasil, a diferença que como aqui é um país de Primeiro Mundo, a “recompensa” por todo o seu esforço é um pouco melhor. Levamos uma vida de muito trabalho, de dores no corpo porque o trabalho na maioria das vezes é braçal, em pé, e horas e horas em pé. Não é fácil.
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As Aventuras de Marina


Eu tenho um problema: sempre que as pessoas demoram para me responder um e-mail eu acho que elas me odeiam. Pode ser que estejamos super bem com a pessoa e que simplesmente ela esteja apenas ocupada demais para dizer “estou ocupada demais“, mas se eu sinto que minha mensagem foi ignorada eu entro em desespero. Chame como quiser: infantilidade, falta de auto-confiança, carência afetiva, necessidade de reconhecimento, etc; mas eu acho que não custa nada perder 1 ou 2 minutos do seu dia para responder qualquer mensagem. Em pleno século XXI qual pessoa, especialmente entre os “jovens”, não checa e-mails? É um desaforo não responder uma mensagem sendo a comunicação a coisa mais fácil e acessível do mundo.

Em contrapartida, quando recebo um desses e-mails, que eu até já esqueci que tinha mandado, eu subo às nuvens! E acontece sempre. Por exemplo, desde que cheguei no Japão tenho mandado e-mails e scraps para a minha amiga Marina, que está em sua própria jornada na Espanha. Só que de repente ela parou de responder minhas mensagens e sumiu! Eu morreria de preocupação se não fosse pelo vídeoblog que ela mantém e que atualiza pelo menos uma vez por mês. Passada a preocupação comecei a achar que ela me odiava, pois não me respondia nem com ameaças! Hoje, que surpresa agradável, no meio de um monte de mensagens na minha caixa de entrada vejo o nome dela. Ah… como é bom receber notícias dos amigos!

Para quem pensa em conhecer a Europa mas tem dúvidas de onde ir primeiro, é sempre bom conhecer um pouco sobre os lugares daquela região. A Marina, cujo apelido é Tintim, está já há 10 meses morando em Barcelona e já fala fluentemente o castelhano e o catalão. Aliás, falar é com ela mesmo. Faz um tempo já que tenho ouvido meus amigos recomendarem a Espanha como destino de viagem ou até mesmo para se tentar a vida, todo mundo que eu conheço que já esteve por lá fala que é um país maravilhoso. Vendo os vídeos da Tintim é impossível não sentir um pouco de inveja (só um pouco, nada fatal) da rotina dela e também sentir aquele friozinho na barriga de vontade de conhecer um lugar tão antigo e histórico como o Velho Mundo. Agora, só não escrevam para ela esperando alguma resposta rápida hein! Pô Tintim, teclar não dói né! Beijos para você garota!

Black Lodge – o Blog da Gui


A Ingrid é uma amiga minha de tempos atrás, muitos e muitos anos atrás. Quando lembro de quando a conheci, sobe aquela névoa esbranquiçada tipo flashback de filme dos anos 90. Ela namorava o Ivan na época, um de meus melhores amigos, quase um irmão. Mesmo quando eles terminaram eu continuei ainda conversando com ela pelo ICQ (existe isso ainda?). Um dos maiores motivos por termos mantido a amizade, penso eu, não foi apenas pelos papos desbaratinados em porta de bar, a Gui nunca teve tabus ou censura sobre nenhum assunto, mas talvez o que mais tenha pesado foi o fato do interesse dela por cultura. É difícil você encontrar compania para ir naquela mostra de cinema indiana, que só está passando naquele centro-cultural que fica longe pacas do metrô e ainda por cima no pior horário possível. Ou então, naquela exposição de arte moderna que só dá pra pegar durante a semana, em horários nada convencionais. Pois a Ingrid sempre topava tudo.

Ingrid by ShigueS

Ela também era uma ótima companhia para baladas (teve uma época que eu não podia mais ouvir em Madame Satã), nunca reclamava de nada e estava sempre cercada de pessoas interessantes. Também conhecia muitos picos underground de São Paulo, lugares que provavelmente eu não iria sozinho visitar. Foram épocas loucas e divertidas ao extremo.

Nosso último encontro ao vivo foi no aniversário dela, há dois anos, num bar que custava os olhos da cara perto da Rua Augusta (novamente eu nunca iria nesse lugar se estivesse por mim mesmo). Na época ela me falou que estava com planos de ir para Londres, mas eu não dei muita atenção, pois a maioria esmagadora dos meus amigos dizia que ia morar no exterior e nunca ia. Então eu falei “Ah, legal” e esqueci. Só que recentemente, depois de falar com ela muitas vezes no msn, descobri que ela foi mesmo, de fato, à Europa. Achei muito bacana, trocamos muitas figurinhas e ela me passou o blog que ela mantém.

Ótimos textos, muito bem escritos, dignos de escritores consagrados. Recomendo a leitura para todos aqueles que não tem medo de sentir e aos que buscam viver a vida com sinceridade e com a maestria dos poetas. Também são muito bem humorados e recheados de cultura!

O Espelho de Jamil


“Why do you go away? So that you can come back. So that you can see the place you came from with new eyes and extra colours. And the people there see you differently, too. Coming back to where you started is not the same as never leaving.”

“Por que você vai para longe? Para que você possa voltar. Para que você possa ver o lugar de onde você veio com novos olhos e cores extras. E as pessoas lá te vêem diferente também. Voltar para onde se começou não é o mesmo que nunca ter partido”

texto retirado do livro A Hat Full Of Sky, de Terry Pratchett.

 

Jamil Soni Neto é um rapaz de 19 anos que veio ao Japão estudar em um internato, afim de aprender a língua japonesa e a cultura do país. Ficou 2 anos convivendo com outros jovens japoneses e muitas pessoas de outras nações e etnias. Nesse período descobriu muito sobre si mesmo e sobre a vida.

Eu o encontrei por acaso em um de minhas andanças no Flickr, onde Jamil tem uma conta e muitas fotos bacanas (principalmente as tiradas durante o período que passou no Japão). Durante sua estadia aqui ele aprendeu muito sobre fotografia. Mandei um e-mail e acabamos nos tornando amigos, ele tem me dado umas dicas sobre a vida no Japão.

Jamil, ou DJami-chan, escreveu um texto sobre essa experiência. Um texto cheio de emoção contando sua experiência quase mágica na terra do sol nascente. Eu o li e não resisti em pedir sua autorização para compartilha-lo com as pessoas que passam por esse blog. Acredito que seja de muita valia para quem quer um dia se aventurar pelo mundo, ainda mais por aqui, nos confis do planeta Terra.

Tomei a liberdade de batizar o texto como “O Espelho de Jamil“, pois acredito que ele tenha escrito, meio que inconscientemente, contando a história para si mesmo. Alguém vê um grande talento para fotografia? Pô Jamil, continue postando novas fotos!