Brazilian Day – Tóquio


Está rolando nesse exato momento o “Brazilian Day” em Tóquio, o maior evento brasileiro na ásia segundo os organizadores. Estive lá e posso dizer: tinha gente transbordando pelos cantos do parque.

Para quem não sabe, o “Brazilian Day” é uma celebração voltada para os brasileiros que moram no exterior e que teve início em Nova Yorque, pelos idos de 1984. Tamanho foi o sucesso do evento, que acabou se expandindo para outros países, como Canadá, Inglaterra, Angola e Japão.

Além das tradicionais barracas de comida, serviços e produtos voltados para os brasileiros, o evento conta também com a apresentação de um famoso artista brasileiro. E o destaque desse ano foi o Kid Abelha!

Muita gente enfrentou estrada e calor para ver essa que é uma das bandas mais conhecidas do Brasil. Eu como sou fã, não aguentei. Saí mais cedo do trabalho e enfrentei calor e muvuca para ver o show. Mas valeu o esforço!

A música Grand’ Hotel foi uma das que mais me tocaram durante o show. Para quem está a bastante tempo fora de casa, como eu, ver um show assim é puro ouro. Pena que a gente só se dá conta do valor da nossa cultura quando estamos longe dela.

Pensamentos sobre o Evento

Gosto de ir a esse tipo de evento para reencontrar os amigos. Não há muitos brasileiros em Tóquio e é difícil de encontrar os que se conhece, já que todo mundo vive ocupado. Além disso, são raros os eventos brasileiros nessa região. Talvez por isso mesmo fique evidente alguns aspectos desagradáveis da nossa comunidade no Japão.

A primeira coisa que notei foi: o uso desenfreado de palavrões e palavras de baixo calão. Está certo que os japoneses não entendem muito bem português, mas não é motivo para deixar a educação em casa e usar vocabulário chulo para tudo. E não estou falando de jovens. Muitos senhores e senhores e pais com filhos pequenos também. Muito feio.

Outra coisa foi a farofada. Estamos passando por uma recessão econômica e todos nós precisamos economizar. Mas levar geladeiras de isopor no meio de um evento lotado só para não gastar dinheiro com cerveja nas barracas é o cúmulo da pão-durice. Em tudo que era canto havia essas caixas enormes no meio do caminho, atrapalhando as pessoas. Até no meio da arena, durante o show, tinha gente passando com as geladeiras de isopor. Fora que, com tanta cerveja assim o povo acaba bebendo mais que deveria. Sem noção!

Mas de tudo, na minha opinião o pior mesmo é o lixo. Mesmo em eventos organizados por japoneses o lixo se torna um problema e as lixeiras viram uma montanha de entulho. A diferença é que os japoneses não jogam lixo em qualquer lugar. Exemplo: você está vendo o show e comendo um delicioso espetinho de carne, numa bandeja de isopor. Sua filha não quer mais e você já está satisfeita. O que você faz? Coloca num saquinho plástico para depois deixar na lixeira? Claro que não! Larga no chão e empurra pro lado. Dane-se! Multiplique isso por 900 pessoas e você terá algo com a foto abaixo.

Gente, pra que isso? Olha, eu não consigo aceitar uma coisa dessas como parte da cultura brasileira. De onde eu venho, as pessoas que eu conheço, meus amigos, minha família, não são assim! O pior é que num evento assim sempre tem muitos estrangeiros. Não só japoneses, mas muita gente interessada em boa música, comida e diversão. Isso queima tanto o filme que nem sei o que dizer para meus amigos japoneses. Será que eu estou me iludindo tanto assim? O brasileiro é mesmo tão sujo e mau educado?

Fontes: IPC Digital, Wikipedia

20 comentários sobre “Brazilian Day – Tóquio

  1. Muito chato. Por isso, evito eventos com multidões.

    Não fazem isso em casa, mas na rua, é problema dos outros. Um dia, as pessoas vão entender que não moram apenas em suas casas, mas no bairro e na cidade. Não adianta sua casa ser limpa, o bairro tem que ser limpo, a cidade tem que ser limpa, para que se possa ter qualidade de vida.

    Minha esperança é que no futuro, as novas gerações entendam que o grupo é tão importante quanto o individual.

    • Imagino se não é problema de educar. Minha mãe sempre me ensinou a não sujar a rua. Aliás, não sujar nada. Principalmente o carpete da sala. rs

  2. Infelizmente a brasileirada no Nihon é assim. Morava em Nagoya, mas sempre desviava dos brasileiros que eu via que tinha cara de barraqueiros… é um horror dizer isso, mas evento brasileiro no Japão eu estava o mais longe possível… por mais que eu sentisse saudades… eu fui num Brazilian Day em algum ano que nao me lembro, mas sinceramente foi pra nunca mais voltar…

    Kisu!

  3. Primo, eu nunca, jamais busquei nenhuma comunidade brasileira em Amsterdam. Porque sao justamente pessoas que vc nao tem ideia de quem sao, o que estao fazendo por aqui… Fui uma vez a uma festa em Haia arrastada por uma colega brasileira para celebrar os “500 anos de Brasil”… so gente estranha. Muitas prostitutas brasileiras drogadas, desdentados, lambada e forro… argh ! Por outro lado, tenho desde que comecei meu blog no ano passado vontade de entrar em contato pessoal com algumas blogueiras brasileiras muito gente fina. Vamos ver (moram longe, em outras partes do pais) se nos encontramos. E olha, a primeira vez que fui a uma celebracao do “Dia da Rainha” em 2000 fiquei chocada no fim do dia. Montanhas de lixo nas ruas de A’dam, homens abrindo as calcas e urinando nos canais, depredacao das bicicletas, jovens drogados caidos, gente trebada nos restaurantes. Esse ano o nivel ja foi bem melhor em comparacao a 2000. O festival anual de musica “Pink Pop” em Haia tambem produz MUITO lixo. Nao gosto, nunca gostei de aglomeracoes e massa.

    • Coisas do nosso Brasil. Acho que tem gente de tudo que é canto nessas aglomerações e tem pessoas que gostar de causar frison. Só que não tem noção do que é legal e o que não é.

  4. Nossa, depois de ver essa foto do lixo eu fiquei realmente preocupado… Parece que é de nossa “cultura” jogar o lixo no chão. Terrível. Reafirmando o conceito de alguns que acham que o Brasil é literalmente a lixeira do mundo… =_=

  5. Pra quem não faz esse tipo de coisa é que pega mal né? Já tenho vergonha vendo essas coisas aqui do Brasil, imagina em outro pais? Me esconderia em algum buraco. Sem contar que isso é falta de educação mesmo o povo é porco, brasileiro (90%) é porco. A maioria sabe que não é pra fazer mais faz e é nessas horas que eu tenho vergonha de ser do mesmo pais que essas pessoas com toda a sinceridade –‘

    • Pois é, quando você for ao exterior vai ver como pesa quando você diz que é brasileiro. Principalmente se for abrir conta num banco ou alugar um apartamento.

  6. Olha, depois que vi uma brasileira trocando fralda de criança em pleno corredor do aquário de Nagoya (sendo que estava a poucos metros do banheiro), eu procuro manter distância de todo lugar com aglomeração de brasileiros. É triste admitir, mas o povo brasileiro é sem noção mesmo, mal educado, grosso e ignorante. Nem todos, é claro, mas a maioria é assim e, o que é pior, parece ter orgulho disso.

    • Acho que no caso dos nikkeis é meio que revolta mesmo. O povo faz pra mostrar que não estão nem aí para os japoneses e suas regras. Ao invés de aprender, entram em conflito e isso não é bom para nenhuma das partes.

  7. Boa tarde, Shigues. Nós da comunidade: “Brasileiros no Japão”, estamos discutindo o assunto no orkut. É de arrepiar tais atos de alguns brasileiros. O mais terrível disso tudo, é que existem pessoas que acham que pessoas como nós que repudiamos tais atos, devemos limpar a lixarada ao invés de criticar e expor porquinhos compatriotas. 😮

    Eis o link da discussão:
    http://www.orkut.com/Main#CommMsgs?cmm=225832&tid=5524419337028220490

  8. Oi Shigues!
    Em primeiro lugar, parabéns pelo blog!
    Super interessante! Já até salvei nos meus favoritos.
    Em segundo lugar, sinto-lhe informar que SIM, tem mto brasileiro mal-educado nessa terra. Moro numa região de grande concentração de brasileiros e, infelizmente, não tenho como fugir desse tipo de gente.
    E o pior, além de toda arruaça, conflitos com japoneses que aprontam por aqui, ainda têm a audácia de reclamar de tudo aqui no Japão.
    A vontade que tenho de falar é “Tá ruim? Então volta pro Brasil! Afinal, ninguém aqui veio à convite do Imperador ou obrigado”.
    Economizar? Desculpa, mas este é outro vocábulo que não faz parte do dicionário de mto brasileiro aqui.
    Conheço algumas pessoas aqui que devem impostos, recebem o seikatsu hogo, vivem às custas do imposto que eu tb pago aqui, mas pra irem até Tokyo pro Brazilian Day não pouparam “esforços”. Assim como mtos que comentaram este seu post, eu sou mais uma que passo longe de eventos brasileiros no Japão.

    • Olá HKTS,

      Realmente há muitos brasileiros mal educados por aqui, mas também há muita gente boa, estudada e batalhadora. Pessoas como você, com senso crítico, me dão esperanças que um dia essa bagunça que a brasileirada faz vai acabar.

      Na verdade, eu acredito que haja muita gente que quer melhorar nossa imagem no Japão. Legal saber que você também é uma delas! Obrigado por se manifestar aqui no blog e pelo elogio!

      Abraços!

  9. Sabemos que cada pessoa é uma pessoa diferente e que não podemos generalizar, mas que realmente é alarmante algumas situações, isto é fato! O que me deixa encucada é que todos os japonêses que conheci e que moram no Brasil, contribuem com a sociedade da melhor forma. São educados e respeitam as regras… Então né minha gente? Pra que avacalhar no Japão?? ó.ò

  10. “Outra coisa foi a farofada. Estamos passando por uma recessão econômica e todos nós precisamos economizar. Mas levar geladeiras de isopor no meio de um evento lotado só para não gastar dinheiro com cerveja nas barracas é o cúmulo da pão-durice. Em tudo que era canto havia essas caixas enormes no meio do caminho, atrapalhando as pessoas. Até no meio da arena, durante o show, tinha gente passando com as geladeiras de isopor. Fora que, com tanta cerveja assim o povo acaba bebendo mais que deveria. Sem noção!”

    Meu, se eu quisesse encarar farofeiro porco longe de casa, ia passar Ano Novo na Praia Grande. Ô praga!

    • Só acrescentando… O que eu vou falar não é exatamente uma resposta ao post, mas sim uma reflexão que eu fiz ao lê-lo. Please bear with me.

      Acho que o problema começa nesse tipo de evento. Nós somos provavelmente o povo mais egocêntrico do mundo. Tem gente que diz o mesmo sobre os estadunidenses, mas pelo menos eles têm coisas concretas para se orgulhar (tecnologia de ponta, prêmios Nobel, pesquisa científica, etc.).

      A gente fica se agarrando à essa mentalidade egóica e proto-fascista de ter “orgulho de ser brasileiro” como se o fato de nós nascermos nesse ou naquele país fosse algum tipo de mérito. E o problema disso é que essa mentalidade deixa implícito que o mundo está a nosso favor, que nós não precisamos provar o nosso valor porque somos o povo escolhido por Deus. Adicione à isso uma cultura imediatista e baseada em símbolos (torcer pro Brasil, dançar samba, valorizar a mulata) ao invés de ideais (o Sonho Americano, a eficiência alemã, o coletivismo japonês, a candura canadense, etc.) e está feito o estrago.

      Por outro lado, eu também acho que essa visão emotiva das coisas também não ajuda. “Aiii, que vergooonha, eles estão DESTRUINDO A NOSSA IMAAAGEM NO EXTERIOOOR!” Foda-se a nossa imagem no exterior. Acho que nós deveríamos reprovar o que vemos descrito nesse post por isso ser ERRADO, e não por ter vindo de brasileiros. Quero deixar claro que não foi isso o que o seu post tentou passar na minha opinião, mas sempre ouço esse tipo de comentário quando posts assim aparecem na internet. Eu sei, estou divagando demais.

      Enfim, desculpe usar o seu espaço pra escrever um comentário sobre um problema maior do que aquele que seu texto tratava. Mas se eu não fizesse isso o problema ficaria na minha cabeça pelo resto do dia. Fui.

      • Rafael. Não havia pensado por esse lado, mas concordo completamente com você. Não deveríamos querer ser uma caricatura de nós mesmos e sim buscar realizações. Mas acho que isso vem com o tempo.
        O único ponto discutível é sobre o que brasileiro não ter sobre o que se orgulhar. Há uma coisa que é difícil de encontrar nesse mundo que no Brasil temos de sobra: alegria de viver.
        Parabéns pelo ótimo comentário.

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